Ela dormia, a bandida
Num sono tão doce, a maldita
E a ele doía sentir o coração pulsar
Por uma qualquer que aceitou lhe enganar
A noite era em claro com tantas lembranças
A madrugada era fria de falsas esperanças
E da insônia veio uma coragem decisiva
Impulsos, requintes de uma vingança incisiva
No rosto adormecido dela, procurava a resposta
Um plano definitivo para um serviço completo
Em silêncio, queria dela alguma proposta
Ele não tinha sordidez suficiente para se vingar de um desafeto
Imaginou-se dando a ela uma dose de veneno
E ela a definhar até se arrepender
Mas era imensa a tristeza em assisti-la a se contorcer
E amoleceu sua ideia ao se aninhar naquele corpo moreno
Num instante, pairou sobre si a ideia de uma navalha
Marcar-se na carne dela lhe deu um curioso prazer
Mas qualquer arranhão no rosto dela vinha com tanto sofrer
Que aceitou se derrotar em mais uma inglória batalha
Veio a repentina vontade de ter um revólver
Tentou ser rápido no gatilho e deixar seu plano se desenvolver
Até, no final, perceber que tinha tanto efeito quanto bala de festim
Sua vingança era falsa, mais falsa que texto de folhetim
A janela lhe mostrou o dia claro
Passara mais uma noite como mero ressentido
E a cada manhã que ele começava sabendo que era um homem traído
Sabia que seu desejo de matá-la ia ficando mais raro
Trilha sonora, um dos textos do livro DIÁRIO DE UM SALAFRÁRIO, na voz de Eliane Gonzaga.
quarta-feira, 16 de junho de 2010
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2 comentários:
Amigo...Você sempre arrasa!!!
Na contramão de todas as hipocrisias...Você pede passagem e com certeza vai bem longe, bem além do horizonte!
Beijos azuisss
Olá querido amigo!
Fico maravilhada com a sua capacidade de escrever histórias tão lindas.Digo, você é grande!
Que situação indecisa do rapaz.
Amor, por amor perdoa até a traição.
Parabéns.
Beijos,
Carmen Augusta
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