Segurou os cabelos com as duas mãos, para colocar à mostra sua nuca. Sentiu um arrepio quando os lábios dele molharam seu pescoço, e com a ponta dos dedos tirou o sutiã para que as mãos dele acariciassem seus seios pequenos. Quando a respiração dele se apoiou em seu ombro, teve gana de roubar-lhe um beijo. Mas foi malvada, sedutora, e desviou o rosto quando ele ia corresponder.
Deitou-se, repousando o pé sobre o peito dele. Sorriu de maneira sensual, mas à medida que passava a ponta dos dedos por suas pernas e suas coxas, foi dominada por um sorriso vulgar. Estava pronta para se deixar dominar por ele. Com a ponta dos dedos, desenrolou o laço da calcinha e sussurrou um "vem".
Ignorou as mordidas que tiravam sangue de seus mamilos. Ignorou a força da mão dele apertando suas costas. Ignorou o nojo com o qual estava da língua dele passando por sua boca, por seu corpo e por seu sexo. Teve um suspiro de alívio quando ele caiu ofegante ao seu lado na cama. Mais uma vez conseguiu desviar o rosto de uma tentativa de beijo que vinha daquele hálito de cigarro barato.
Sentou-se na cama. Teve de conter sua raiva quando aquela mão áspera acariciou sua bunda. Com a voz de quem segurava o choro, perguntou, sem fitar os olhos dele: "agora está tudo certo?".
Ele, ainda ofegante, soltou um "sim". Ela levantou-se. Escondeu sua nudez numa toalha. De costas para o homem, disse que ia tomar um banho. Com os olhos marejados, pediu um "quero ficar sozinha". Entrou no box. Derramou gotas de alegria pelo fim de tanta mágoa. Ficara para trás a dívida. Por um momento, sentiu-se leve, alheia até mesmo ao próprio corpo. Só voltaria a precisar da sua beleza na próxima vez que o desejo pela cocaína fosse maior do que qualquer culpa.
Trilha sonora, um dos textos do livro DIÁRIO DE UM SALAFRÁRIO, na voz de Eliane Gonzaga.
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Um comentário:
Olá Vini!
O que a droga faz!
Preço muito alto ela pagou e paga.
Mas um conto, bonito, bem real e muito bem escrito por você, claro.
Parabéns!
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