Tateou cada detalhe do corpo dela. Sentiu a palma de sua mão passando pelos cabelos, até a carícia da nuca fazê-la arrepiar e soltar um sorriso. Sentou-se na cama e com os dedos tentou arranhá-la. Os dois sorriram e se beijaram com uma doçura mais selvagem.
Num gesto de entrega, ela empinou os seios e permitiu que ele desabotoasse seu sutiã. Sentiu cócegas quando a barba dele desceu de maneira carinhosa por seu colo. E murmurou enquanto, de olhos fechados, ele, com a língua, riscava labirintos por seus seios. As mãos chegavam ao seu bumbum, e ela ergueu um pouco o corpo para que ele tirasse sua calcinha.
Ajoelhada e nua perante ele, deitou-o, tirou sua cueca e começou a viver com ele o prazer a dois. Olhava os olhos fechados dele e ameaçava sorrir diante do delírio que sua boca permitia que ele tivesse. Com suavidade, subiu seu corpo aos poucos pelo corpo dele, até que ambos se entregassem em chamas, sem receios, sem qualquer sentimento de culpa.
Permitiram que o calor se misturasse com a febre, e num acalanto, permaneceram abraçados, intensos, reconhecendo seus corpos, pedindo seus sexos, e buscando seu amor a dois. Até que num beijo ardente, deram um, dois sobressaltos e caíram, unidos, lado a lado, na cama redonda.
Num instinto, abriram os olhos simultaneamente. Algumas carícias vistas na pouca luz do quarto. Através do brilho do olhar dele, a vista distante dela. Ele tateou o rosto dela, mas sua mão foi incapaz de evitar que ela virasse os olhos para o teto.
Sentiu a frustração pairar sobre a cama. Sentiu que ela, depois de tudo, ainda ia embora. E antes que ela partisse definitivamente, decidiu transpor de uma banal declaração de amor para seu próprio corpo a certeza de seu amor por ela.
Lembrou-se das primeiras declarações mais arrebatadas enquanto, de olhos abertos, via a faca de cozinha perfurar o dedo com a aliança de casamento. Não precisaria mais dele se não tivesse a mulher da sua vida como companhia.
Com a mão ainda sangrando, voltou para o quarto dos dois. Ela vestia a blusa por cima do sutiã, e mexia na mala que estava prestes a levar para longe de casa. Ele estendeu a mão direita e pediu que ela guardasse um cantinho da bolsa para seu último presente.
Atônita, ela disse sim. Como dissera no dia do casamento. E, com cuidado, guardava em sua bolsa o "sim" dele, sabendo que aquele voto de amor conviveria eternamente com ela. Independente de qualquer desunião que acontecera na vida a dois.
Trilha sonora, um dos textos do livro DIÁRIO DE UM SALAFRÁRIO, na voz de Eliane Gonzaga.
quarta-feira, 28 de abril de 2010
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3 comentários:
Olá Vinicius!
Puxa vida que declaração de amor doída,trágica!
Será que valeu a pena?
Mas é um conto de amor muito bonito.
Pena terminar assim.
Beijos,
Carmen Augusta
Vinícius,
Sinceramente, eu já nem sei o que eu venho fazer aqui. Você escreve super bem, você faz seus textos maravilhosos, e o problema é justamente esse.
Pra um coração apaixonado morrer de tristeza, é só ler isso aí...
Parabéns... Mas da próxima vez, avisa no começo do texto que não é pra eu ler... kkkk
James Lima
Uau!!! meu poetinha você sempre me surpreende...Mas não era para surpreender, porque sei que você é O CARA!!!
Mt lindo o conto!!
Beijos azuisss
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