Trilha sonora, um dos textos do livro DIÁRIO DE UM SALAFRÁRIO, na voz de Eliane Gonzaga.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Eternamente sua

O beijo foi longo, e ela parecia obcecada por molhar toda minha boca. O gosto dela mesclava vodca e pirulito de morango, combinação que era condizente com o que ela parecia para mim naquele momento. Uma doçura ácida, que instiga e vicia. Nosso vício se embalava, ao som de uma balada que fazia os casais dançarem abraçados, preocupados somente com os seus parceiros.

Disse para eu não ir embora, que ela já voltava. Fui até o bar e pedi uma água. O sabor do pirulito de morango começou a ficar enjoativo e me deu sede. Bebi calmamente, olhando o movimento da pista de dança, ansioso para que ela voltasse brevemente. Cerca de 15 minutos depois, chegou sorrateira e me deu uma mordida. Esquivei o pescoço e ela começou a assoprá-lo. Falou que demorou porque tinha uma surpresa para mim.

Virou-se de costas e se deixou aninhar nos meus braços. Trocamos mais um beijo de língua e sua mão me conduziu maliciosamente até por baixo de seu decote. Estava sem sutiã. Espiei seu bico pequeno e rosado. Acariciei-o com a ponta dos dedos e ela começou a dar risinhos espaçados, como se tivesse sentindo cócegas. Afastou-se e ficou com o rosto de lado para dizer:

"Olha o que eu fiz pra você..."

Subiu um pouquinho da blusa. A luz mudava de cores - verde, vermelho, lilás, amarelo - mas eu vi aquela frase tatuada em sua pele: "Eternamente sua". Aproximou-se novamente do meu corpo, rebolando ao som da música dançante. Perguntou se eu tinha gostado. Mordi seu lábio e perguntei se isso respondia à pergunta dela. Tirou um pirulito de morango da bolsa mas, antes de colocá-lo na boca, propôs sairmos de lá.

Logo que entramos no meu carro, ela sentou-se no meu colo. Levantou a blusa e pôs os seios na altura do meu rosto. Passei a língua em cada um deles, e novamente ela respondeu ao meu carinho com um sorriso de quem sentia cócegas. Envolvi suas costas em meus braços e minha mão parava justamente na altura onde estava o "eternamente sua". Ela mordia minha orelha e dizia: "quero mais, quero mais...".

Ainda com ela por cima de mim, dei a partida no carro. Ela gargalhou e, num pulo, foi para o banco de carona. Ria e me chamava de "louco". No trajeto eu sentia sua mão alternando carícias à minha orelha e ao meu pescoço. Num dos sinais, me entregou a calcinha fio dental que estava usando. Colocou a outra mão entre suas coxas.

Abri o portão eletrônico. Estacionei o carro. Assim que desliguei, ela prontamente veio por cima de mim. Parecia voraz em seus beijos e suas mordidas. Estava se preparando para tirar a blusa quando eu disse, ao pé do ouvido: "Lá em cima vai ficar mais gostoso". Ela riu e senti seu hálito de pirulito de morango.

Entramos no meu apartamento. Ela se despiu perto da porta, e pude ver tingida em preto a frase "Eternamente sua". Tive uma sensação de prepotência, enquanto minha boca lambia a surpresa que ela me deu naquela noite. Abraçou-se a mim e fomos andando até o meu quarto. A cada passo, uma peça da minha roupa ficava pelo caminho. Sentíamos a nossa nudez por inteira na porta do quarto.

Sentei na cabeceira da cama, e ela ajoelhou-se, me fazendo sussurrar com as carícias de seus lábios cada vez mais quentes. Ela sentiu minha excitação e sentou-se também, de costas para mim. Aos poucos, deixou-se encaixar no meu corpo. Aproximei minha boca e voltei a sentir aquele gosto de pirulito de morango. As mãos caminhavam entre seus seios e seu sexo, e ela pulava entre sussurros, tornando nossa carícia cada vez mais intensa.

Seu rosto ganhava um semblante mais assanhado, e eu o acompanhava enquanto ela se deitava na cama. Instintivamente, eu me aproximei sedento por conhecer seu gosto. Ela me segurou pelos cabelos e disse "meu único sabor é o de morango, não deixo você provar nenhum outro gosto". Seu hálito continuava com o gosto adocicado. Mas eu não sentia enjoo, a minha vontade era de me entorpecer com aquele cheiro e com aquela doçura. Doçura que ela dizia ser eternamente minha.

Mal resisti à intensidade do que vivemos naquela noite. Fui despertado com o amanhecer que chegava pela minha janela. Não tive forças para levantar logo que acordei. Procurei com os olhos, mas não a encontrei. Desviei o olhar e vi um pirulito de morango desembrulhado, já cercado de formigas.

No lençol, a frase "Eternamente sua" se perpetuava, um pouco borrada, como se tivesse saído no banho. Era tatuagem temporária. Temporária, como a minha passagem pela vida dela. Mas a eternidade que ela duraria em mim estaria para sempre impregnada. Com o sabor doce e enjoativo de um pirulito de morango.

7 comentários:

Anônimo disse...

Bicho,

Tô boquiaberto.
Sem palavras.

Parabéns. Muito bom.

James Lima

CON disse...

Uauuuuuuuuuu!!!!!!! Arrasou amigo!
Pirulito de morango...Boa idéia, rs
Amei o texto, você como sempre nos envolvendo, instigando a ir até o fim.
Parabéns!
Beijos azuisss

Feer Amaral disse...

Bah! como sempre envolvente e sensual na medida..
Adoro totalmente!!

bjs sr.

Paz e Força Sempre! :P

Carmen Augusta disse...

Meu amigo, você é demais!
A gente vai lendo, vai lendo e no fim...suspense.

Muito bom, parabéns!

Beijos,
Carmen Augusta

Ricardo Heleno Ribeiro disse...

Voce está cada vez melhor mestre. fiquei de pirulito duro.

Everaldo Farias disse...

Cara,

Muito bom, você continua dominando essa arte de prender o leitor com o desejo de saber qual a próxima palavra encontrará e o que sairá do finalmente!

Blog Música do Brasil
www.everaldofarias.blogspot.com

Um forte abraço a todos!

deusaodoya-ciganinhafeliz disse...

Olá meu novo amigo.
Parabéns, um belo texto.
te desejo uma semana de muitas realizações e paz.
beijinhos doces da nova amiga.
Regina Coeli.

Aguardo sua visita ao meu cantinho.