Trilha sonora, um dos textos do livro DIÁRIO DE UM SALAFRÁRIO, na voz de Eliane Gonzaga.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Amor vendado

Mais um atrevimento poético de toques sensuais. Este salafrário não toma jeito mesmo...

*****

O primeiro olhar veio num "sem querer"
Chorou desculpas, mas começava a perceber
Enxergara desejo onde não devia
Despertara amor de uma forma que não podia

Passou os dias trancada em seu silêncio
Passou as tardes calando seu sacrifício
Passou as noites em claro com suas querências
Para, na madrugada, gemer baixinho suas confidências

Seguiu em angústia, atrás de uma reação
Sentindo nos cabelos a carícia de seu sonho
Até que pudesse esquecer o quanto era medonho
E estivesse, enfim, disposta a uma ação

Não teve medo da dor que traria a ele aquela pancada
Encontrou forças para carregá-lo até seu carro
No caminho, não se achou mais digna de escarro
Achava-se, finalmente, digna de ser amada

Instigada pelos olhos dele estarem vendados
Excitava-se por vê-lo com os braços amarrados
Estava disposta a ser uma pervertida
Tudo para cicatrizar a dor daquela ferida

Em resposta à raiva dele, sussurrou um "você é só meu"
Ao alcance do tato dele, deixou toda sua nudez
Transmitia a ele o cheiro da sua grande insenstatez
Num amor insaciável, seu desejo tremeu

As mãos atadas entrelaçaram em suas costas
A cabeça agora se perdia entre seus seios
Ele já não mais exigia respostas
A dois, eram agora apenas devaneios

Num sobressalto, pensou estar no céu
E contemplava seu homem através dos espelhos do motel
De tanto sonhar, mergulhara na realidade
Agora doiría a verdade, mas sabia que o amor requer lealdade

Dos olhos dele, retirou a venda
Sabia que a esperava uma reação horrenda
E que dos minutos de tanta ternura
Viria uma eternidade de amargura

Ainda assim, sentiria seu corpo quente
Por mais que ele a julgasse doente
No sexo dela, estaria um amor tão leve e tão ofegante
Por mais que seu filho por uma noite tenha sido seu amante

4 comentários:

CON disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
CON disse...

Amigo querido...Meu poetinha...Agora vc deixou o salafrário tomar conta geral, rs

Eu comecei a ler e fui me envolvendo , como sempre vc escreve muito bem!

Mas quando eu cheguei ao final...Meu DEUUUUSSSS!!!!!
FILHOOOOO????? É muito pra minha cabeça...Devo ser sincera com você meu amigo...Senti-me ferida no sagrado amor de mãe.
O amor que a gente sente pelo filho é tão sagrado, tão puro, tão lindo...Nem sei dizer o que senti ao ler este final...Fiquei muito chocada...Demais!
Como sempre o texto está muito bem escrito...Mas muda o finaaaaalllllll!!!!!!



Beijos azuisss

Carmen Augusta disse...

Olá Vinicius!

Meu amigo, você sabe o quanto gosto do que escreve. Você sabe o quanto gosto de você.
Mas esse seu atrevimento de hoje me deixou perplexa.Me senti mal quando cheguei no final.
Então não sei o que dizer.
Vou fazer minhas as palaras da Con.
Endoço tudo.

Beijos,
Carmen Augusta

Everaldo Farias disse...

É de se imaginar que, depois do livro de contos, pode surgir por aí, um livro de poesias! Quem sabe, né?

Blog Música do Brasil
www.everaldofarias.blogspot.com

Um forte abraço a todos!