Trilha sonora, um dos textos do livro DIÁRIO DE UM SALAFRÁRIO, na voz de Eliane Gonzaga.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Madrugada adentro

Caiu sobre ele, deixando escapar um último e leve gemido de prazer. Ela estave exausta, mas não queria se deixar vencer pelo cansaço. Permanecia, teimosa, lutando contra os próprios olhos para que o sono não tomasse seu corpo e acabasse por fazer as horas passarem à revelia do que desejava para sua madrugada.

Notou que os olhos dele também ameaçavam se fechar, mas em vez de desespero, deu um risinho doce, de menina travessa. Pousou suas mãos sobre o peito dele e foi deslizando minuciosamente cada parte que desejava. Começou a beijar seu pescoço e aos poucos associava seus beijos à vontade com a qual tateava o corpo do seu homem.

Viu o olhar dele se entreabrir e roubou-lhe um beijo selvagem. Pôde sentir entre suas mãos o desejo dominá-lo de acordo com o que ela permitia, e isto a fazia oscilar a intensidade com a qual acariciava o êxtase dele. Por um momento não sentia-se apenas dele, sentia que ele era posse dela, na confirmação do prazer a dois que sempre procurara ter com um homem que amasse.

Levantou um pouco seu corpo para que os seios estivessem à altura dos lábios dele. Por um momento, deixou-se ser traída por sua própria vontade e arriscou até um leve acariciar em seus próprios pelos pubianos. Mas seu breve devaneio foi tomado pelos sussurros mais intensos que ele dizia ao seu ouvido, no ápice de um delírio seguido da imagem dele, arfando, sorrindo.

Repousou a cabeça sobre o peito dele. Estava dominada pela paz de sentir-se uma mulher que sabia controlar os sentimentos de seu homem, e nem percebeu quando seus olhos caíram adormecidos. Acordou com o sol já alto, e viu-se nua, solitária naquela cama. Não pôde fazer nada para que ele continuasse junto dela. Ela levantou-se e começou aquele mesmo ritual. O de se arrumar para passar o dia como uma figura nula, à espera do amor que chegava na sua mente através de intensos desejos insones.

Um comentário:

Carmen Augusta disse...

Olá Vinicius!

Estranho jeito de amar...

Beijos,
Carmen Augusta