Trilha sonora, um dos textos do livro DIÁRIO DE UM SALAFRÁRIO, na voz de Eliane Gonzaga.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

O salafrário recomenda...



Hoje este Diário de um salafrário deixa de lado seus jogos literários e abre espaço para uma dica de leitura envolvendo a paixão nacional chamada FUTEBOL. Afinal, todas as pessoas que acompanham este esporte sabem que mais do que os títulos, o mais valioso do futebol são os "causos" que ele nos proporciona.

20 anos da Copa do Brasil - de Kaburé a Cícero Ramalho é uma tabela fantástica do comentarista esportivo Alex Escobar com o pesquisador Marcelo Migueres, que reuniram em 219 páginas a trajetória da competição nacional considerada "o caminho mais curto para a Taça Libertadores da América". De uma competição desacreditada, pouco valorizada pelos clubes de maior expressão do Brasil, aos poucos a Copa do Brasil foi ganhando sua importância, em especial por ser o único torneio a proporcionar a maior graça do futebol: a equipe considerada mais fraca surpreender e deixar para trás os times "fortes" do Brasil.

Enquanto a fórmula do Campeonato Brasileiro (em especial o recém-implantado "sistema de pontos corridos") não permite drásticas mudanças de panorama do futebol nacional, a Copa do Brasil apresenta uma competição extremamente democrática. São credenciados à disputa os campeões de todos os estados do Brasil, vice-campeões de determinados estados e alguns clubes convidados. Desde seu início, em 1989, o sistema de disputa é o chamado "mata-mata", no qual dois clubes se enfrentam em duas partidas, com cada equipe jogando uma vez em seu estádio e outra vez fora dele. O critério de desempate é o saldo de gols (por exemplo, se uma equipe vence por 2 a 0 mas perde a segunda partida por 1 a 0, a vencedora do primeiro jogo está classificada por causa da diferença de gols). Outro fator que tornou mais emocionante este tipo de competição foi o critério de gols marcados "fora de casa": se um time fora de seus domínios perde por 2 a 1, para se classificar basta vencer por 1 a 0, pois vale o gol que ela fez jogando "na casa do adversário". Quando há dois resultados "iguais" (no caso de empate com o mesmo número de gols marcados, ou no caso de uma vitória e uma derrota pelo mesmo placar), surge outro grande momento de emoção e de histórias: a disputa por pênaltis.

E é graças a estes regulamentos e aos acasos que tornam fascinante o futebol que a Copa do Brasil se tornou a mais imprevisível de todas as competições brasileiras. Através dela, o país foi apresentado a campeões como o Criciúma (time catarinense treinado por um então desconhecido Luiz Felipe Scolari, e que sagrou-se campeão em 1991), o Santo André (time do interior de São Paulo que na final do certame de 2004 derrotou o Flamengo em pleno estádio do Maracanã), ou o Paulista de Jundiaí, vencedor em 2005 sobre o Fluminense, também em terras cariocas.

O torneio também trouxe seus personagens folclóricos e suas situações curiosas, como Cícero Ramalho, personagem que faz parte do título do livro de Escobar e Migueres. Aos 40 anos de idade, 11 quilos acima do peso, o artilheiro do modestíssimo Baraúnas do Rio Grande do Norte foi ao Rio de Janeiro em 2005 e, no estádio de São Januário, comandou a vitória por 3 a 0 do time potiguar que eliminou o Vasco de Romário da Copa do Brasil daquele ano.

O mérito dos autores é não se resumir a contar a Copa do Brasil por meio dos números ou somente destacando os vitoriosos. Há graça de sobra nas derrotas vexatórias, na equipe que pela primeira vez vê o mar da "cidade grande" e também nas "escalações" que a dupla faz com os nomes esquisitíssimos de jogadores presentes em cada edição do torneio.

Em 20 anos da Copa do Brasil - de Kaburé a Cícero Ramalho acompanhamos a ascensão de um torneio contada em detalhes, com todas as ascensões e quedas que passaram por estas duas décadas vividas em campo. Uma vitória de Alex Escobar e Marcelo Migueres, uma vitória do jornalismo esportivo brasileiro e, principalmente, um gol de placa na tabelinha entre a literatura e o futebol.

P.S.: abaixo, dois links de textos deste que vos escreve falando sobre futebol.

O conto 90 minutos:

http://diariodeumsalafrario.blogspot.com/2008/09/90-minutos.html

O texto E eu não paro!, falando sobre o rebaixamento do Vasco para a Série B do Campeonato Brasileiro de 2009:

http://diariodeumsalafrario.blogspot.com/2008/12/e-eu-no-paro_08.html

2 comentários:

Daniel Russell Ribas disse...

Ótima avaliação, rapaz. Bem-humorado (não acho que se escreva mais assim) e informativo, com o fecho de Faustini. Abraços, DRR

Daniel Russell Ribas disse...
Este comentário foi removido pelo autor.